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Conselho Federal afasta cúpula do CRA-SE após auditoria, denúncias internas e deliberação em plenária nacional

  • Foto do escritor:  Cleiton Bianucci
    Cleiton Bianucci
  • há 1 dia
  • 2 min de leitura

Itabaianense é um dos afastados pelo Conselho Federal de Administração

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Uma decisão rara, dura e de forte impacto institucional abalou o sistema profissional da Administração no país. O Conselho Federal de Administração (CFA) determinou o afastamento cautelar e imediato do presidente do Conselho Regional de Administração de Sergipe (CRA-SE), Gildson Mendes de Farias, e do diretor-tesoureiro Carlos Menezes Calasans Eloy dos Santos Filho, ambos ordenadores de despesas do regional.


A medida, agora confirmada oficialmente, foi deliberada durante a 14ª Sessão Plenária do CFA em 2025, realizada no dia 21 de outubro, em João Pessoa (PB), e está registrada em ata oficial do Conselho Federal. O afastamento ocorre em meio a uma crise administrativa que vinha sendo mantida sob silêncio nos bastidores e que explodiu após a divulgação de uma Nota de Repúdio pelo próprio CRA-SE.


O Sindicato dos Servidores em Conselhos e Ordens de Fiscalização Profissional e Entidades Coligadas e Afins de Sergipe (SINDISCOSE) teve acesso ao conteúdo que fundamentou a intervenção. Segundo o sindicato, um relatório de auditoria robusto levou o CFA a reprovar as contas dos exercícios de 2023 e 2024, apontando práticas consideradas incompatíveis com a boa administração de recursos públicos.


“A auditoria revela falhas graves, como contratações dirigidas, processos incompletos e pagamentos sem controle”, destacou o SINDISCOSE.


De acordo com o extrato da ata, a plenária do CFA analisou denúncias recebidas pela Ouvidoria do Conselho Federal, referentes à possível ocorrência de assédio moral e retaliação contra empregados do CRA-SE, além de inconformidades administrativas e licitatórias.


O relator do caso, Adm. Roberthy dos Santos Barbosa, vice-coordenador da Comissão Especial de Apuração de Denúncias, apresentou aos conselheiros o teor das denúncias, que também resultaram no encaminhamento das prestações de contas do CRA-SE ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Tribunal de Contas da União (TCU), já julgadas irregulares anteriormente pelo Plenário do CFA.


Durante o debate, foi revelado que, embora não tenham sido constatados desvios diretos de recursos para contas bancárias de conselheiros ou familiares, a auditoria identificou favorecimento recorrente a fornecedores licitados, com propostas vinculadas a um mesmo grupo de empresas - prática considerada grave sob o ponto de vista da governança pública.



Diante do cenário descrito como “alarmante”, o Plenário do CFA aprovou, por maioria, a criação de uma Comissão Especial para aprofundar as investigações, com prazo inicial de 60 dias, prorrogáveis por mais 30, além do afastamento dos ordenadores de despesas do CRA-SE por até 90 dias.


A deliberação contou com abstenções e voto contrário, o que reforça a complexidade e a gravidade do caso. Ainda assim, prevaleceu o entendimento de que o afastamento era necessário para garantir a lisura das apurações e preservar o interesse público.


O afastamento cautelar não representa julgamento definitivo, mas evidencia o grau de comprometimento institucional identificado pelo Conselho Federal. A nova Comissão deverá realizar auditoria de profundidade, oitivas com servidores e análise detalhada dos processos administrativos e licitatórios do CRA-SE.


O caso segue em análise e pode resultar em novas medidas administrativas, disciplinares e judiciais, com possíveis desdobramentos no MPF e no TCU.

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