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JOGOS DE AZAR: UMA AMEAÇA DISFARÇADA DE OPORTUNIDADE

  • Foto do escritor:  Cleiton Bianucci
    Cleiton Bianucci
  • há 12 minutos
  • 2 min de leitura

A quem interessa a aposta? Certamente não ao povo.

Imagem ilustrativa
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Em São Domingos, vereadores tentando de todo jeito que volte à pauta a discussão sobre a criação de uma loteria municipal. O tema, que deveria ser debatido sob a ótica da responsabilidade social, tem levantado fortes questionamentos: a quem realmente interessa aprovar um projeto que pode custar a vida e a dignidade de inúmeras famílias?


O suposto custo-benefício para o município é considerado irrisório. O que a princípio poderia representar pequenas arrecadações, traz consigo uma carga de riscos quase incalculável. Em um cenário em que já se registram famílias destruídas por dívidas de jogos e casos de suicídios relacionados ao desespero financeiro, aprovar a legalização de mais uma modalidade de aposta é, no mínimo, colocar gasolina no fogo.


São Domingos, infelizmente, já carrega em sua história episódios dolorosos, como os que envolvem a Ponte do Rio Vaza-Barris, conhecida por ser palco de tragédias em que pessoas tiraram a própria vida. Agora, diante da possibilidade de institucionalizar mais um mecanismo de endividamento, o alerta não pode ser ignorado.

Foto: Pnte sobre o Rio Vaza-Barris
Foto: Pnte sobre o Rio Vaza-Barris

Em diversas partes do mundo, os jogos de azar estão entre os principais responsáveis por desajustes sociais. Países desenvolvidos, que já experimentaram a expansão das apostas legais, hoje convivem com índices alarmantes de endividamento, colapso emocional e aumento de suicídios entre apostadores.


Estudos apontam que o vício em apostas tem impactos semelhantes ao das drogas ilícitas, com a diferença de que é muitas vezes legitimado pelo Estado e embalado por propagandas que vendem a ilusão do “prêmio fácil”. O lema “jogue com responsabilidade” não tem sido suficiente para conter a onda de destruição causada pelo vício.


No caso específico de São Domingos, o Ministério Público já é chamado a intervir. Não apenas para fiscalizar o trâmite do projeto, mas também para investigar a fundo quem realmente se beneficia de sua eventual aprovação. O presidente da Câmara, Dedé de Aduilson, por ocupar cargo de extrema responsabilidade, também passa a estar no centro do debate.


O projeto já foi rejeitado na Comissão de Constituição e Justiça, mas a insistência em trazê-lo de volta à discussão levanta dúvidas que não podem ser ignoradas. Afinal, se o “lucro” para o município é quase zero, quem mais ganha com a institucionalização dessa loteria?


Um ponto é inegociável: cada vida perdida em razão de endividamento ou suicídio ligado a jogos de azar será uma mancha na biografia de quem defender e aprovar este projeto. Nenhum vereador poderá alegar ignorância sobre as consequências. O alerta está dado e a sociedade já compreende que não se trata de entretenimento, mas de uma armadilha perigosa.


A aprovação de uma loteria municipal em São Domingos não é apenas uma questão administrativa: é uma escolha entre preservar vidas ou abrir caminho para a destruição de famílias inteiras. A quem interessa a aposta? Certamente não ao povo.

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